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sexta-feira, 19 de abril de 2013

É hora de decisão - Tradição em Verde, Branco e Grená










Tricolores de sangue grená, peço desculpas pela longa ausência desta coluna. Os muitos problemas, aliados à completa falta de inspiração, me deixaram sem gana para escrever. Sim... é preciso gana para escrever, muito mais do que conhecimento, formação... é preciso querer. E, por muito tempo, eu não quis. Pensei em escrever assim que o Fluminense conquistou sua primeira vitória na Taça Rio, sobre o Audax, por um magro 1 a 0, em jogada bonita. Ali foi quase um repeteco do jogo contra o Huachipato. Poderíamos ter feito um placar elástico, mas a bola não cruzou mais que uma vez a meta do arqueiro adversário. Não pensei em escrever após o empate com o Duque de Caxias, partida que precisamos esquecer. Aquele não é o Fluminense tetracampeão brasileiro, jamais o será. Todavia, quando Rhayner despertou o Marcão e o Marquinho dentro de si na vitória por 3 a 1 do Flu sobre o Macaé, pensei em escrever. Mas ainda não era hora. Provavelmente, eu seria bastante ridicularizado se colocasse na coluna o que, naquele momento, já pensava sobre o menino. Esse jogo contra o pequeno Macaé me trouxe o sorriso de volta ao rosto. Eu vi na atuação de Michael, Marcos Jr. e Rhayner o Fluminense do futuro. O Fluminense da independência dos medalhões, da garra, do amor à camisa, do comprometimento. No jogo contra o Boavista, em que pese termos lutado com o gramado, o ritmo continuou. Rhayner continuou. E aí veio a fatídica partida contra o então líder do nosso grupo, o Resende.




Fatídica porque decidiu a nossa classificação para as semifinais, pois chegamos aos 13 pontos? Fatídica porque Rhayner brilhou de novo na vitória por 2 a 0, e fez seu primeiro gol depois de dois anos? Fatídica porque até então o Resende era líder? Nada disso... fatídica porque perdemos Fred. Com menos de dez minutos, o nosso capitão e artilheiro era retirado de campo, preocupando a todos os tricolores que não começaram a torcer para o Fluminense ontem, dado o histórico de lesões do ídolo. Menos mal que, aparentemente, era uma lesão nova, e deve curar-se a tempo até, com alguma sorte, de jogar a próxima partida pela Libertadores. Mas não foi o bastante para jogar as seguintes. Fomos para o sul pegar o Grêmio sem vários titulares. Thiago Neves ainda se recuperava, Deco acabou ficando fora porque é um ex-jogador em atividade, e o Fred devido ao problema já citado. Wellington Nem também nos desfalcou, pois ainda não tinha voltado de contusão, e no jogo contra o Resende perdemos também o Marcos Jr., seu reserva imediato. Dependíamos, essencialmente, de uma boa partida dos laterais (coisa raríssima), e de Wagner e Rhayner, dupla que estava rendendo bem. O Grêmio precisava da vitória para ficar numa situação mais confortável, e atacou durante o primeiro tempo, testando nossa postura defensiva que, surpreendentemente, anulou as chances do time gaúcho. No fim do primeiro tempo, Cris foi expulso justamente. No segundo tempo, o Flu começou a dar as cartas, jogando para ganhar de pouco, como sabíamos que seria a proposta lá no sul. E aí...
 






O nosso querido auxiliar, que é pago para isso, se esqueceu de olhar a linha da grande área em um lance decisivo, anulando um gol legítimo do Rhayner. Seria a vitória, e já estaríamos classificados com uma rodada de antecipação, podendo até perder do Caracas no último jogo da fase de grupos. Fomos novamente garfados contra o Grêmio. Após esse jogo, eu cheguei a ter vontade de escrever, mas quando pensei que o título invariavalmente teria que ser “Quando o placar mente - Parte 3”, desisti. Prefiro, hoje, exaltar a nossa postura em campo e dizer que me orgulhei com o que vi. Tinha certeza de que nos classificaríamos, e toda a torcida deveria ter. Até que veio o Fra-Flu. Como qualquer tricolor que se preze sabia, o jogo contra o esgoto da beira da Lagoa, que conseguiu a façanha de perder pro Sendas, nada valia, a não ser pra eles mesmos. Era óbvio que, se o Abel escalasse o que tinha de melhor, corria o risco de perder jogadores por lesão para a partida que realmente importava. Logo, estranhei quando não vi o time sub-20 em campo. Havia alguns dos titulares, o que não me pareceu correto. Passou pela minha cabeça que o Abel provavelmente foi “pressionado” (na verdade o clube foi pressionado) pela televisão para escalar um bom time, em vez de colocar só os reservas. Em vez de vermos Berna, Wallace, Digão, Elivelton e Monzón; Fábio Braga, Rafinha e Eduardo, Biro-Biro, Samuel e Michael, vimos muitos dos que jogariam contra o Caracas. E só podia desandar. Além dos malditos mulambos terem sorte pra cacete (o gol do caneludo não existiria se ele não tivesse escorregado de forma tosca ao tentar acompanhar o zagueiro do Flu), as nossas bolas não entraram e o time jogou como se realmente estivesse disputando um amistoso. E ESTAVA. Tricolores, não sejam enganados. Os tricolores dão importância demais ao esgoto... por causa dos torcedores deles, que incomodam a gente no dia-a-dia... mas a verdade, a grande verdade, é que ultimamente eles não são rivais para nós. Eles são como moscas que voam em torno de nós e nos incomodam. Matar uma mosca não faz diferença alguma. O foco de TODA A TORCIDA devia ser querer ganhar o Boca, o Atlético-MG, o São Paulo, o Nacional, o Caracas, o Vélez... estamos em OUTRO PATAMAR. Tá na hora de a torcida entender isso e IR À PORCARIA DO ESTÁDIO NA LIBERTADORES. Senão, essas moscas vão continuar nos incomodando ainda por muito tempo. Após este esporro necessário para que alguns acordem, falarei do que realmente queria falar desde o início: a partida decisiva contra o Caracas.






Nesta partida, ocorrida na quinta-feira passada em São Januário, visto que “fecharam” o Engenhão, o Fluminense jogou com a maioria dos chamados titulares. Do goleiro ao segundo volante, este é o time do Abel, gostemos ou não. Questionem Gum, Leandro Euzébio, Carlinhos, Bruno e Edinho, mas saibam que será muito difícil perderem a vaga até o jogo derradeiro desta competição. Porém, do meio para a frente estávamos com problemas. Wellington Nem, recém-integrado ao time, tentava dar força ofensiva a um time desfalcado no ataque. Sem Thiago Neves. Sem Deco. Sem Fred. Mas com Wágner. E com Rhayner. E Sóbis. Sim, Rafael Sóbis. Confesso que sempre o achei uma baita contratação, mas depois que ele veio, nunca me encantou, salvo em raros momentos, como a final do carioquinha do ano passado e por alguns gols decisivos nos últimos brasileiros. Mas tenho que dar a mão à palmatória: o cara decide. Sóbis não é apoiador. Abel o escala ali de vez em quando. Sóbis não é centro-avante. Abel o escalou ali anteontem. E ele decidiu. Se a bola de Rhayner não tivesse beijado a trave no primeiro tempo após jogada individual maravilhosa, talvez Sóbis tivesse sido deixado de canto. Mas a vida guarda um lugar de protagonista para aqueles que trabalham com humildade. Sempre reserva, sempre, ele continuou trabalhando duro. Mesmo tendo perdido a vaga para um menino. Mesmo com o currículo cheio de títulos importantes. Mesmo assim. E eu tenho certeza, ele ainda será importante ao longo da Libertadores. E foi ele nosso herói. Quando a bola sobrou, numa tentativa ofensiva do Flu, ele mandou pro fundo das redes, chutando bem, como sabemos que ele faz. E decretou o 1 a 0 que fez explodir a torcida fiel, que sempre está com o Flu (não a de modinha, que só lota na boa). Cavallieri também foi importante. Salvou um lance perigoso e foi seguro o tempo todo. Rhayner jogou uma barbaridade. Wagner foi cerebral e ousado. Até o Felipe entrou bem. Mas só ele fez o gol. Obrigado, Sóbis. Te vejo no Equador.



● Verde da Esperança

- Acho graça dos que apontavam as “pembas” que íamos pegar nas Oitavas... Emelec agora, se passarmos, Olímpia ou Tigre. Temos a obrigação de chegar às semifinais.
- Já a outra chave... um monte de “favoritos” se matando. Morro de rir.
- Rhayner! Sempre titular, Rhayner! Sempre!
- Reservas contra o Bangu. Nada mais a dizer.
- Rodrigo Caetano, já que falou em contratações, traz o Conca, um zagueiro de ponta (Dedé; aproveite o imbróglio), um volante versátil (Cícero) e estamos conversados.


● Branco da Paz

- Batendo ponto aqui para agradecer à diretoria por ter podido acompanhar o Fluzão a custo zero contra o Caracas. Valeu!
- Agora é paz, galera. Mesmo que enfrentemos o Botafogo na semifinal do Carioca, não é melhor enfrentá-los agora? Pelo menos assim, definimos logo se vamos lutar pelo título ou não. Esperar ir pra uma final de turno com eles é desgastante, fora que, se perdermos, o impacto será muito pior.
- Precisamos pressionar a Conmebol, diretoria... essas arbitragens dos nossos jogos estão um absurdo...
- Que bonitinha a postura do Esgoto em querer anular o jogo contra o Duque de Caxias... que coisa mais fofa! Nada pode ser menor atualmente que eles. Nem o Cerro Porteño, lanterna de um grupo fraquíssimo na Libertadores!


● Grená do Vigor

- Carlinhos, entendo o teu momento, xará, mas não a tua insistência em ser escalado. No Fla-Flu, você não tinha nem que ter entrado em campo!
- Aposenta, Deco. Não dá mais, cara. Abre espaço pra um meia chegar. Quando o Conca voltar, temos que ter espaço pra ele no time. Segura até ele chegar, beleza?
- Bruno, eu vibrei quando vi você cruzar. Mesmo errando. Por que não faz isso mais vezes?
- Gum, tá na hora de treinar mais posicionamento, cara.
- Corneteiros, fiquem em casa. Queremos os 15.000 de sempre no estádio. Seja em que estádio for. Se forem, vão pra apoiar. Vaiar o time daqui pra frente é considerado crime.


Vamos em busca da América! Acredita, Fluzão!




Sobre o autor: Aloisio Soares Senra é professor de Inglês do Município do Rio de Janeiro desde 2011, e torcedor do Fluminense desde sempre. Casado, é carioca da gema, escritor, jogador de RPG, entre outras atividades intelectuais.