Tricolores de sangue grená, nada como um dia após o outro. Se
num momento conseguimos a classificação para as oitavas vencendo o Caracas e,
de quebra, passamos pelo Volta Redonda nas semifinais da Taça Rio, de repente
tudo mudou: perdemos o jogo de ida pelas Oitavas-de-final da Libertadores no
Equador e, logo depois, o título estadual para o Botafogo que, justiça seja
feita, mereceu o caneco, não só por ter sido o mais regular durante toda a
competição, mas também porque não tinha a cabeça na Libertadores, como nós.
Assim, o jogo de volta prometia ser extremamente nervoso, devido ao semestre
que corria risco. Após termos sido garfados absurdamente no Equador com a
concessão de um pênalti completamente inventado (no qual até a mídia precisou
dar o braço a torcer) para o Emelec, precisávamos vencer por um gol de
diferença em São Januário, caso o Emelec não fizesse gols. Caso fizesse,
precisávamos de dois gols de diferença para conseguir a vaga. Após garantir meu
ingresso para o jogo, tive a notícia de que Fred jogaria. Quase não acreditei,
uma vez que várias notícias davam conta de que o capitão continuaria fora. Mas
ele jogou. E aí...
E aí, vivos, doentes e mortos invadiram o único estádio no
Rio liberado para o jogo e empurraram o esquadrão tricolor. Fanáticos cantaram
como nunca, agitaram e desfraldaram suas bandeiras, lembrando os bons momentos
da melhor torcida do Brasil. Comandado por Fred, o Flu mostrou gana. Mostrou
desejo. Mostrou vontade de ganhar essa taça. Muitos argumentariam que “era
apenas o Emelec” e que o Fluminense não fazia “mais que a obrigação”. Depois da
definição dos confrontos das quartas, aqueles que desmereceram nossa brilhante
vitória tiveram que repensar seus conceitos. O time comeu grama. Correu o campo
todo, dedicou-se, atacou, defendeu e não deixou que o Emelec vazasse a nossa
meta. Com Fred em campo... vence o Fluminense. Fluminense 1 x 0 com gol de
Fred, que mostra que o faro de artilheiro prevalece nas horas de necessidade. O
resto do jogo foi exatamente o que esperávamos... Emelec tentando empatar
desesperadamente para conseguir a vaga e um extenuado Flu se defendendo. Do
meio para o fim do segundo tempo, ficou clara a diferença técnica entre as duas
equipes, o que fez com que os equatorianos começassem a apelar para segurar
nossos jogadores. Primeiro com falta em Wagner, e depois em Rhayner (que entrou
no lugar do apagadíssimo Thiago Neves), dois cartões vermelhos foram o saldo
para o Emelec. E Carlinhos, que fez um partidaço, lembrando o lateral
insinuante que todos nós sempre queremos ver, fez o segundo gol quase no fim do
jogo, após boa jogada de Samuel, que substituiu o matador, que já não tinha
pernas. Vitória, classificação, quartas-de-final.
E com a vitória por 2 a 0 do Olímpia sobre o Tigre, ficou
definido nosso adversário nas quartas-de-final da Copa Libertadores. O Olímpia,
da mesma forma que o Flu, perdeu o jogo de ida por 2 a 1 e precisava do mesmo
placar que o Flu para se classificar. A qualidade do time paraguaio prevaleceu
e o 2 a 0 ficou barato. Fico aliviado por enfrentarmos o Olímpia, e por dois
excelentes motivos. O primeiro, como devem imaginar, é por conta da violência
do Tigre. O que mais vi foi o time argentino “baixando a porrada” ao longo da
competição. E com a nossa sorte com lesões, seria de se esperar que não conseguíssemos
repetir o time em ambas as partidas. O Olímpia é um time mais técnico, que joga
e deixa jogar, e acho que o Flu atua melhor contra equipes de peso. O segundo
motivo, do qual muitos vão discordar, é o fato de jogarmos a primeira partida “em
casa”. Desta vez foi um excelente negócio, amigos. Dia 22 jogaremos em São
Januário. Fosse dia 29 o jogo, não poderíamos jogar lá. E iríamos para onde?
Macaé? Juiz de Fora? Como amante do Fluminense e morador do Rio, defendo que o
Flu jogue sempre na Cidade Maravilhosa, e a classificação do Olímpia me
permitirá acompanhar este duelo tão importante. Sim, meu ingresso já está
comprado. E o seu?
Atlético-MG eliminou o São Paulo. O time de Cuca deu sorte
de Lúcio ser um irresponsável. O time paulista estava “engolindo” o Galo no
Morumbi até o lance fatídico. Com a pressão de ganhar no Independência, era
previsível o que aconteceria. O próximo adversário do time mineiro é o Tijuana,
que ganhou do Palmeiras na casa do adversário, por 2 a 1, eliminando-o. Ainda
que o goleiro do alviverde tenha facilitado a vida dos mexicanos, é difícil
contestar a classificação dos caras pelo modo como jogaram. Esse time, como eu
já tinha falado nesse espaço antes, vai dar trabalho. Entre Atlético-MG e
Tijuana, fico com os chicanos. Até agora o time do Cuca não teve um desafio de
verdade, e esse será o primeiro. O vencedor deste confronto encara o vitorioso
entre Boca Juniors (que eliminou os gambás em São Paulo, mostrando a força da
camisa dos argentinos) e Newell´s Old Boys, que foi a grande surpresa da semana,
eliminando o Vélez, um dos favoritos ao título, que jogava em casa. Deve dar
Boca pela tradição, mas entre argentinos os xeneizes não têm se dado muito bem,
basta ver sua classificação no campeonato nacional. Na outra chave, Real
Garcilaso, do Peru, se não me engano um dos debutantes da Libertadores,
conseguiu uma vaga muito expressiva sobre o também favorito Nacional, do
Uruguai, vencendo nos pênaltis após dois resultados iguais. E na Colômbia...
como algumas vezes eu já tinha alertado... caiu o time do Grêmio. O Santa Fé
jogou o que precisava para vencer por 1 a 0, e o time de três cores gaúcho
cansou de perder gols, inclusive um nos acréscimos com Vargas, que lhe daria a
vaga. O time colombiano tem como referência no ataque Cristian Borja, meus
amigos. Lembram-se dele? Então... por esse motivo, acredito que o Real
Garcilaso seja favorito e deva passar pelo Santa Fé, que está fazendo hora
extra na Libertadores. E o vencedor de Flu x Olímpia? Precisa mesmo perguntar?
Eu não sei quem é o culpado, não sei o que está
acontecendo... mas não podemos mais ignorar. Após a cessão do terreno para a
construção do CT do Flu, TODO MUNDO que iria injetar dinheiro no projeto deu
pra trás. Ambev, o próprio governo, de repente ninguém mais quer ajudar o
tricolor. Deram a porcaria do espaço e querem agora que a gente se vire pra
construir lá. E aí? Como fica? Continuamos lambendo as botas da Ambev? Não
vamos a público nem mesmo mostrar nosso asco por esta atitude? É assim que o
governo quer que abriguemos seleções durante a Copa? Está tão bizarro que o
Peter precisou viajar aos EUA para tentar fechar parcerias que viabilizassem o
projeto. E aí, não sei por que motivo, começamos a campanha “Talibã Tricolor”.
Eu não tenho completa certeza se foi algo espontâneo, entendo até a simbologia,
mas achei que foi uma tremenda bola fora pelo momento. Pensem, tricolores...
não é muita coincidência que, no momento em que o Fluminense começa a
internacionalizar sua marca nos Estados Unidos, em que o Peter recorre a
parcerias norte-americanas para viabilizar os projetos, surja, DO NADA,
completamente DO NADA, algo relacionado ao talibã, que é visto com maus olhos
pelos americanos? Não parece a vocês algo semeado para atrapalhar nossos
planos? Não estou criticando a idéia, não a acho de todo ruim, uma manifestação
legítima da torcida é válida... mas... será que foi mesmo legítima? Onde começou?
Quem começou com a idéia, e por quê? Acredito que esse tipo de resposta seria
útil, até para esclarecer nossos parceiros comerciais e não estragar a boa
imagem que estamos construindo hoje no mundo inteiro. Resistam a condenar minha
postura e reflitam um pouco sobre o que falei, é tudo que lhes peço.
Um outro ponto importantíssimo que está passando batido...
até quando, galera? Até quando vamos ouvir bobagens como “o Fluminense não tem
estádio”, quando TEMOS estádio, e a merda do governo não nos deixa utilizá-lo?
Quer dizer que podemos jogar em Conselheiro Galvão, em Moça Bonita, em Macaé,
em Volta Redonda, em Juiz de Fora e no escambau a quatro, mas nas Laranjeiras
não? DANE-SE o trânsito da zona sul. O trânsito da zona norte pode ficar ruim
durante os jogos em São Januário e no Engenhão, que ninguém liga, não é mesmo?
E agora essa palhaçada de não reabrir o Maracanã, de ficar molengando, de
fechar o Engenhão, de ceder São Januário à Itália para uma merda de torneio
caça-níquel da Fifa! Diretoria, precisamos de providências. Ou se faz um
esforço para reabrir JÁ as Laranjeiras, que podem tranquilamente receber a
maioria dos jogos que o Fluminense faz (salvo clássicos e jogos decisivos ou
com grande expectativa de presença de público de algumas competições), ou
engaja agora mesmo um projeto sério para termos um estádio. A galera do Projeto
Arena foi a primeira a levantar essa bola, e agora estamos aí, na mão do
palhaço, dependendo de estádio pra jogar. ESTÁDIO É PRIORIDADE, PETER. Seja
qual for, use a força política do Fluminense e estabeleça logo um local para
jogarmos. Um clube com a nossa grandeza não pode ficar transitando entre um
estádio e outro, dependendo da boa vontade de outros clubes para poder fazer o
que sempre fez no SEU estádio: jogar futebol.
Doping. Uma palavra que traz à tona o pior do que temos no
desporto. E por muito tempo a imagem do Fluminense não esteve associada a isso.
Infelizmente, nada é eterno – exceto o próprio Fluminense – e, mais cedo ou
mais tarde, isto haveria de ocorrer. Antes do primeiro jogo da Libertadores,
contra o Caracas, Thiago Neves foi retirado da partida por suspeita de doping.
Há algumas semanas, Deco foi pego no exame antidoping de uma partida em que ele
não jogou sequer um tempo inteiro. E, pra finalizar, Michael, nosso menino, foi
pego no antidoping e confessou que usou cocaína. São casos completamente
diferentes, mas que a Flapress junta num mesmo saco pra dar bordoadas no Flu.
Será que a culpa é do clube? A culpa é do clube se Thiago Neves e,
principalmente Deco, macacos velhos, cometem erros infantis na hora de tomar
medicamentos? A culpa é do Flu se Michael, que recebe todo suporte possível e
impossível, acaba por cair num erro comum e experimentar drogas? Eu espero,
sinceramente, que Deco consiga provar que não tem culpa e seja absolvido, mas
que se aposente logo depois. Já não dá mais para ele, e queremos a volta de
Conca há muito tempo. Para Michael, eu espero sinceramente que ele seja
suspenso durante um bom tempo para aprender, mas que se trate, se cure e, um
dia, retorne ao esporte. Não podemos simplesmente passar a mão na cabeça. Temos
que dar exemplo de virtude, limpeza e transparência, como sempre foi, salvo nos
piores momentos de nossa história. E este certamente não é um deles.
● Verde da Esperança
- O FRED VAI TE PEGAAAAAR!
- Cada vez mais sinto o cheiro
dessa taça. Está maduríssimo esse título.
- Foi extremamente engraçado ver a
Fox Sports chorar com a eliminação dos gambás
- Foi extremamente engraçado ver
um monte de gente nas redes sociais exaltando a postura da torcida do
Corinthians depois do jogo, pra logo depois mudar de idéia ao ver o
quebra-quebra do lado de fora.
- Inclusive, essa “postura” da
torcida dos gambás é praticamente lugar-comum na nossa. É extremamente fácil
relembrar situações em que fizemos exatamente isso, e sem quebra-quebra.
- Estou extremamente interessado
em saber quais serão as contratações que o Rodrigo Caetano tem em mente... que
esse caça-níquel da Fifa termine logo.
- Rhayner se machucou ontem. Hoje
já treinava. Ele é o símbolo do Flu nessa Libertadores.
● Branco da Paz
- A torcida mandou bem no último
jogo, mas os torcedores das organizadas que ficavam na posição lateral em
relação ao campo não cantaram tanto. Fica aqui o pedido para que incentivem mais
dia 22.
- Vejo muitos vascaínos revoltados
pela cessão de São Januário ao Fluminense para esses últimos jogos. Deixo uma
mensagem a esses torcedores: não nos sentimos à vontade com essa situação, mas
coloquem-se no nosso lugar. Se fosse o estádio de vocês que, na década de 90,
começou a ser alvo de impedimento para a realização de jogos devido à
implicância do governo, como vocês se sentiriam?
- Mais uma arbitragem ridícula no
jogo Emelec x Fluminense. Todavia, tivemos boa arbitragem no jogo da volta, e
foi crucial pra que o placar justo se estabelecesse. A Libertadores, cada vez
mais, é decidida na arbitragem.
- Gostei muito da declaração do
Carlinhos após o jogo e o gol marcado. Acredito muito que ele subirá ainda mais
de rendimento e, junto com Rhayner, Wagner e Fred, será decisivo para
conquistar o caneco.
● Grená do Vigor
- Abel, sem Abelices contra o
Olímpia. Sorte a nossa que o Thiago Neves estará fora do jogo. Rhayner é
TITULAR.
- Bruno parece cada vez mais
tricolor – basta ver o gesto dele após o jogo – mas penso que seria a hora de
testar mais o Jean na lateral. Precisamos de inteligência naquele setor. O Nem
caiu muito de produção por conta da inoperância da ala direita do Flu.
- É muito difícil depender da
nossa zaga, que a cada jogo nos dá alguns sustos... espero que aproveitem essa
pausa para recuperar a forma física.
- Brasileirão com reservas
nesses primeiros jogos, por favor, Abel. Só pegaremos babas!
- É o momento de esgotar de vez
os ingressos e cantar! Apoiar do início ao fim! É a Libertadores em jogo, meus
amigos! Desta vez será nossa!
Vamos em busca da América! Acredita, Fluzão!
Sobre o autor: Aloisio Soares Senra é professor de
Inglês do Município do Rio de Janeiro desde 2011, e torcedor do Fluminense
desde sempre. Casado, é carioca da gema, escritor, jogador de RPG, entre outras
atividades intelectuais.
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