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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Ganhar Fla-Flu é normal - Tradição em Verde, Branco e Grená



Tricolores de sangue grená, mais uma vitória em nossa doce rotina. E dessa vez, foi o segundo jogo do “centenário do Fla x Flu”. Não contentes em terem sido devidamente reduzidos à sua insignificância no primeiro turno, e apostando numa “arrancada” daquelas que só os mais iludidos conseguem vislumbrar, o queridinho da mídia fez alarde e houve até comentaristas incautos dizendo que seríamos atropelados. Para muitos, eram eles que viviam um “melhor momento”, o que passa a ser uma piada de mau gosto em meio segundo, se você estiver olhando para a tabela do campeonato brasileiro. Quer dizer que o Fluminense, QUE FAZ A MELHOR CAMPANHA DE SUA HISTÓRIA E DE TODA A HISTÓRIA DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE PONTOS CORRIDOS ATÉ ENTÃO (excluindo-se o São Paulo de 2007, por muito pouco), está em um pior momento que os muxibentos da parte de baixo da tabela? Eu realmente não devo entender de futebol. Mas... já que muitos diziam que dava pra ganhar, já miravam G4 e diziam-se “rumo ao épita”, fomos para o jogo. E o que deu? O normal. Quando se trata de jogos decisivos, o Fluminense é e sempre foi mais time, e sua camisa sempre pesou mais. Não à toa, a mulambada é freguesa nossa desde 1912 quando o jogo vale alguma coisa. E quando o assunto é “cem”, “centena” ou “centenário”, aí que não tem jeito mesmo. Só dá o Tricolor. No primeiro turno, era o “Fla x Flu do Centenário”, e vencemos, com gol de Fred. Agora, no segundo turno, o Fred marcou o centésimo gol em Fla x Flus em Brasileiros. Não tem jeito, galera. É tudo nosso!

O jogo começou com o Fluminense assumindo a postura de líder. As ações eram comandadas pelo Tricolor, que atacava com mais propriedade. Muito se falou na “posse de bola” do time adversário, que era maior, mas isso não ganha jogo. Enquanto eles tiveram seis finalizações no primeiro tempo, também tivemos seis, e as nossas foram bem mais perigosas. Uma delas foi uma pintura. Uma obra-de-arte que merece ser imortalizada para todo o sempre com um quadro nas Laranjeiras. Deco recebe a bola, olha para a área e faz menção de cruzar. Os zagueiros esperam o passe. O maestro, então, lança a bola, porém enviesada, que procura a entrada da área, onde o artilheiro a espera para, de voleio, colocá-la no fundo das redes. 1 a 0. Golaço de Fred. Há alguns anos, talvez fosse inimaginável ver um gol desses do Fluminense em um Fla x Flu, mas ontem foi possível. Depois desse gol, continuamos com a mesma postura. O jogo estava equilibrado, mas todas as nossas chances foram mais claras. Isso perdurou também no segundo tempo. Thiago Neves meteu duas bolas na trave em cobranças de falta, e tivemos algumas outras chances para ampliar, mas não tão claras. Infelizmente, o time cansou. Thiago Neves e Wellington Nem, sentindo câimbras, deram lugar a Wagner e Marcos Jr. Não mudou muito o panorama e, apesar de pressionarem mais, já que Marcos Jr. não conseguia segurar a bola no ataque, os mulambos não conseguiam transpor nossa defesa. Contudo, quando Fred também sentiu câimbras, Abel colocou Diguinho em seu lugar. E aí ferrou com tudo. Perdemos o ataque e eles passaram a pressionar de forma desordenada, como sempre fazem. Tiveram algumas chances até claras, mas não finalizaram tanto assim. O scout, no fim do jogo, mostrava: o Fluminense finalizou seis vezes no segundo tempo. Os mulambos, quatro vezes. E uma delas vai pra conta do Diguinho, que tem se acostumado a fazer faltas desnecessárias. Dessa vez, fez dentro da área, e foi responsável pelo primeiro pênalti do campeonato marcado contra o Fluminense. Botinelli, apostando na sorte absurda que tem contra o líder do campeonato, pegou a bola para cobrar. E lá estava ele, nas nossas metas. Castilho e sua leiteria, reencarnada em Diego Cavalieri, o homem de gelo. A frieza desse goleiro me comove, cara. Ele tomou uma bicuda no pescoço e continuou em campo. E depois da defesa maravilhosa do pênalti, não deu nem um sorriso. Ele é o melhor goleiro do Brasil, disparado. Depois desse lance, estava confirmado que o Fluminense não deixaria a vitória escapar, e foi exatamente assim que ocorreu.

Agora, a situação é a seguinte: estamos a seis pontos do segundo colocado, e ainda vamos enfrentá-los. Se ganharmos do Botafogo na próxima rodada, e conseguirmos vencer o Grêmio aqui no Rio, e não perdermos do Galo em Minas, podem encomendar a faixa. Será muito difícil sermos alcançados. O Grêmio já mostra sinais de que está perdendo o fôlego (quase perdeu o jogo pro Santos, que estava com dez em campo, sem o Neymar!), o Atlético-MG empatou com a Portuguesa e vem de uma péssima sequência de resultados, e o Vasco, com todo o respeito, não acredito que tenha fôlego pra tirar uma diferença de 12 pontos. Terão que nos secar muito, e ganhar praticamente tudo. Estamos com a faca e o queijo na mão, e podemos ser campeões até por antecipação, dependendo do desenrolar das próximas quatro ou cinco rodadas. Os ventos sopram a favor do Fluzão!






Não poderia deixar de fora da minha coluna de hoje uma menção aos nossos bastardinhos (fiz essa menção na coluna referente ao jogo do Primeiro Turno). O colunista J. T. de Carvalho reproduziu, no blog Netflu, exatamente o que penso a respeito da relação entre Fluminense e Flamengo. Seguem as palavras dele:

"Talvez se recordem que fomos campeões invictos em 1911, sem nenhum ponto perdido. Restando poucas rodadas para o final do campeonato, Alberto Borgerth liderou um motim de jogadores contra a Comissão Técnica, com a motivação fútil de barrar a escalação de um companheiro de time, Oswaldo Gomes. Como é evidente, nossos dirigentes não cederam à chantagem e, logo após se sagrarem campeões, na véspera de Natal, nove rebelados se desligaram do clube. Rebeldes sem causa. Saíram do Fluminense sem ter para onde ir: o Botafogo, campeão de 1910, era o grande adversário da época; o Paysandu, só aceitava jogadores ingleses etc. Ao extravasar seu capricho juvenil, os desertores se esqueceram de providenciar um plano de fuga.

Sem outra opção, restou-lhes a humilhação de entrar pela porta dos fundos de um Grupo de Regatas (nome original de uma turma de remadores), que os recebeu com ostensiva má vontade. Como demonstração inicial, negou-lhes permissão para o uso da camisa oficial do remo, forçando o improviso da patética “papagaio-de-vintém”, pois os quadrados vermelhos e pretos lembravam papagaios de empinar, comprados por qualquer vintém.

(...) em 1912, ocorreu a primeira partida entre o Fluminense e o time de futebol do Grupo de Regatas, mas não o primeiro Fla-Flu. “O grande Nelson Rodrigues, o Profeta Tricolor, nos ensinou que o Fla-Flu começou 40 minutos antes do nada. De fato, desde que os primeiros seres humanos povoaram este planeta, existem os mitos do traidor e do herói. Desde o início da espécie e até o final dos tempos, se repetirá o ritual do Fla-Flu: nós seremos o Fluminense e eles… serão o que são. O CRF não é o nosso maior rival, é o nosso avesso, é tudo que desejamos não ser”,(...).


Há algumas falácias que enganam os tricolores acerca desse confronto. Dizem que o Fluminense é freguês do Flamengo. Em finais isso não ocorre (8 a 3), e se tirarmos todos os amistosos realizados na história, a vantagem se inverte. Em jogos pra valer, só dá a gente. Por isso que se diz por aí que "ganhar Fla x Flu é normal". Alguns também dizem que esse jogo só tem importância para o Fluminense. Mas em qual hino mesmo diz que “no Fla x Flu é um ai Jesus?”. Para mim, esse jogo só tem importância pra eles mesmos, já que o sonho de todo filho bastardo é superar o “pai”.

E, mais uma vez, os superados foram eles.

Rumo ao Tetra!




A partir de agora, de tempos em tempos, publicarei alguns pensamentos a respeito de como a Flapress distorce a mente dos jovens torcedores, e elaborarei textos para elucidá-los. Creio que este é um bom começo.

Como educar seu filho em relação ao futebol - Parte 1:

FILHO: Papai, hoje na escola todo mundo só falava do mengão, dizendo que ele tem a melhor torcida. Por isso acho que vou ser mengão, pai!

PAI: E o que eles te disseram da torcida desse time?

FILHO: Ah, disseram que é a maior, e é melhor que todas as outras!

PAI: E o que eles falaram das outras? Por exemplo, o que disseram da torcida do Botafogo?

FILHO: Eles falaram que só tem chorão! Eu não quero ser chorão, pai!

PAI: Estranho eles falarem isso, meu filho. Até onde sei, o Flamengo costuma reclamar das arbitragens tanto ou mais que o Botafogo, que é bem mais prejudicado. Inclusive consegue, volta e meia, barrar alguns árbitros em seus jogos, faz representações... e fora que, qualquer erro contra o Flamengo logo ganha uma enorme repercussão na mídia. Então, se houver uma torcida de time chorão, essa é a do Flamengo...

FILHO: Ah... mas eles disseram que só tem afeminados e gays na torcida do Fluminense. Eu não sou gay, né pai? Então, não posso torcer pro Fluminense!

PAI: Oras, filho... eu torço para o Fluminense e não sou gay. Se fosse, você não estaria vivo, não é? Além do mais, não tenho nada contra os gays, nenhum preconceito, mas generalizar dessa maneira uma torcida é meio estranho, não é? Não parece uma desculpa esfarrapada para que meninos se desmotivem ou tenham medo de torcer para o clube, sob pena de serem achincalhados ou sofrer o mesmo preconceito que vemos contra os gays? E essa assertiva também é muito estranha, visto que, de todos os times do Rio, só o Flamengo tem uma torcida organizada gay, a Flagay. É estranho que um time cuja torcida seja "evoluída" a ponto de permitir uma torcida organizada gay em seu meio queira discriminar uma torcida de outro time usando essa prerrogativa de modo pejorativo, não acha?

FILHO: É, não tinha pensado nisso, pai... ah, mas o Vasco não! Pra esse eu não torço, só são vices!

PAI: Mais uma vez me estranha essa afirmação, já que, verificadas todas as estatísticas, o maior vice do Rio é justamente o Flamengo. E o Vasco recentemente venceu uma Copa do Brasil, não foi vice-campeão. Então, como é que eles só são vices?

FILHO: ...

PAI: Não se preocupe, filho. Você não é o primeiro a ouvir essas mentiras. Agora, entenda algo. O time que você escolhe para torcer não necessariamente define o seu caráter, mas todo clube tem uma história, e ela carrega consigo valores. O comportamento da torcida também carrega esses valores. Então, seja qual for o clube que você escolher para torcer, verifique seus valores antes, estude sua história. Essas mentiras que você ouviu dão uma noção dos valores da torcida que as conta. E isso é só o começo...
Piadinha rápida:

Acho super correto chamar a torcida do Flamengo de "magnética".

Afinal, em termos de percepção humana, o magnetismo é invisível, inodoro, inaudível e insípido.

Igualzinho à torcidinha dos caras. Você só ouve um suspiro se fizer gol ou se estiver numa jogada de ataque com chance clara. Só assim.

Hoje não foi diferente. Só deu a torcida de guerreiros cantando do começo ao fim.

Quero gritar campeão!


● Verde da Esperança

- Fred vai entrar para a história dos maiores ídolos do Flu se continuar nessa toada.
- Já consigo vislumbrar esse time rodando com o Conca na Libertadores ano que vem.
- Espero que o Deco possa se manter jogando por mais um ano. Seus passes são como música.
- Nesse jogo ficou claro como o Wellington Nem não tem reserva à altura. Após ele sair, perdemos muito da eficácia no ataque.
- O Gum manteve a defesa sólida, mas o Cavalieri dispensa comentários. Melhor goleiro das Américas disparado.

● Branco da Paz

- Edinho não comprometeu, em que pese uma lambança que ele fez no primeiro tempo.
- A torcida pode não ter ido em peso como gostaríamos, mas em questão de “presença”, só deu Flu. Não ouvi a torcida mulamba cantar em quase nenhum momento do jogo.
- Digão não comprometeu, em que pese a furada que poderia ter sido gol no primeiro tempo.
- Carlinhos não comprometeu, em que pese muitas jogadas dos mulambos terem saído pelo seu lado no fim do jogo.

● Grená do Vigor

- Bruno, por obséquio... CRUZA AS BOLAS!
- Marcos Jr., tudo bem que você entrou num jogo complicado, mas deu mole em alguns momentos... se tava difícil, pelo menos voltasse pra marcar.
- Thiago Neves, você meteu duas bolas na trave, se esforçou o jogo todo... mas não dá pra errar 183718378713 passes ganhando o que você ganha, né? Vamos combinar...
- Abel, não perca o título, enxergue o óbvio. A substituição correta era o Valencia, não o Diguinho!

Faltam 11 rodadas pra gritar “É campeão”! Acredita, Fluzão!



Sobre o autor: Aloisio Soares Senra é professor de Inglês do Município do Rio de Janeiro desde 2011, e torcedor do Fluminense desde sempre. Casado, é carioca da gema, escritor, jogador de RPG, entre outras atividades intelectuais.












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