Tricolores de sangue grená, o ano começou. Agora capturem a
seguinte imagem em suas mentes: um pasto, um jogo à noite, muito longe de casa,
um árbitro com histórico recente de lhes prejudicar, desfalque em cima da hora,
sendo somado aos naturais dois desfalques que seu time já sofria, uma estréia da
competição internacional mais importante do ano até o momento, a qual vocês
perseguem como objetivo maior de conquista... e ainda assim, o triunfo. O
cenário, longe de ser ficção, foi o que todos os tricolores viram na Venezuela
ontem, na partida inaugural contra o Caracas. Notem, o Caracas é o atual
campeão venezuelano, e está em quinto lugar em seu campeonato. Se não é um time
de ponta no cenário sul-americano, também não é a baba do boi cansado. Deu para
perceber que eles mesmos tinham alguns jogadores de alguma técnica, mas que
também foram prejudicados pelo pasto. Contra um time mais modesto, em um
gramado melhor, acredito que eles conseguiriam um bom resultado. Mas contra um
time melhor, em qualquer gramado, principalmente se esse time for o FLUMINENSE,
não houve maneira. Quando jogarmos contra eles aqui, no Engenhão, eles
desenvolverão duas vezes melhor seu futebol. E nós trinta vezes. Essa é a
distância entre ambas as equipes, a ponto de o próprio presidente do Caracas
reconhecer isso. A Libertadores é a nossa meta, a ponto de o próprio Abel ontem
dar uma declaração dizendo que pode, sim, deixar o Carioca de lado pela
Libertadores. E é exatamente isso que temos que fazer! Para onde irá nos levar
mais um título estadual? A lugar algum! Sabemos que esse papo de “hegemonia”
não existe. Estamos empatados com a mulambada, e só aqueles que não sabem
contar discordam. Além disso, ficamos quase 100 anos à frente na contagem de títulos.
Por que vamos nos preocupar com isso agora? A Libertadores irá nos levar a
muitos lugares. A outro patamar. Ao respeito nacional e internacional ainda
mais acentuado. E, finalmente, ao Mundial. Ao sonhado bi.
Não vou mentir, galera. O jogo foi horroroso. Se não fosse o
Fluminense e se eu tivesse pago ingresso, eu ia querer meu dinheiro de volta.
Mas foram as condições que o gramado nos proporcionou. Mostramos quem somos no
primeiro tempo. Fred, como sempre, fez a diferença e finalizou como só o melhor
artilheiro do Brasil sabe fazer, após jogada que ele mesmo tramou, que resultou
em chute do Sóbis que a zaga do Caracas amaciou. Tivemos várias chances.
Euzébio poderia ter feito gol, o próprio Fred teve algumas chances, mas não
passou do placar mínimo. Infelizmente, o campo nos fez de vítimas e no segundo
tempo foi difícil conter a correria que o Caracas apresentou. O próprio técnico
do time venezuelano fez o possível pra equipe dele ir pra frente, tentando
empatar numa bola vadia, no “abafa”. Ainda assim, o Flu teve uma chance de ouro
com Wellington Nem, que esteve mal. Ele preferiu matar a bola em vez de
cabecear pro gol, e não ampliamos. No finzinho, o maldito colombiano soprador
de apito interpretou um chutão pra trás do Valencia como recuo, e deu tiro
livre indireto para o Caracas. Mas a justiça foi feita e a bola foi chutada
para fora. Nossos primeiros três pontos, importantíssimos pelas circunstâncias,
foram conquistados. Agora é esperar os demais jogos e estar presente no dia 20
de Fevereiro ao Engenhão para empurrar o Flu em busca de mais uma vitória. Eu
já comprei meu ingresso. E você?
“Mas poxa, Aloisio, você não vai falar dos jogos do Carioca?”
– Ah, daqueles jogos-treinos? Tudo bem, se vocês insistem. Tivemos um
jogo-treino contra o Quissamã em Macaé. O primeiro gol foi do Jean, de falta. O
segundo foi de Wagner, em bela jogada e bela finalização. E o terceiro foi do
Fredão, batendo pênalti duvidoso. Três a zero. Goleada num time minúsculo que
só foi marcar o primeiro gol no campeonato na rodada passada. Acho que basta.
O clássico contra o Vasco merece um pouco mais da minha
atenção como escritor, até em respeito ao clube de São Januário. O Vasco jogou
defensivamente, a meu ver, e explorou os contra-ataques, algo que fez bem em
boa parte do tempo, pois tem um bom jogador para isso, o Eder Luis. Todavia,
nós atacamos mais, perdemos várias chances com o Fred, principalmente, muito
por conta da atuação de gala do goleiro Alessandro. Não sei o que se passa com
esse rapaz. Contra os mulambos, leva quatro gols. Contra o Fluminense, fecha o
gol. Incompreensível. O Vasco abriu o placar com gol contra de Jean, em jogada
de escanteio – muito embora eu tenha visto falta sobre o volante do Flu. O
placar era injusto dado o volume do jogo do Flu no primeiro tempo. No segundo
tempo, o Vasco teve mais posse de bola que na primeira etapa, até por conta das
substituições que não deram muito certo, principalmente Felipe, que, tirando
uma enfiada de bola sensacional, não jogou nada. Mas... quem tem Fred não morre
pagão, e Frederico estava lá, para conferir de cabeça no canto o ÚNICO
cruzamento certo do Carlinhos no ano inteiro. Duvido que acerte outro. Aposto dinheiro
vivo com quem quiser. Gostaria de queimar a língua, mas é difícil. O placar
final de 1 a 1 acabou sendo justo pelo mérito defensivo do Vasco no goleiro
Alessandro, que se mantiver atuações similares às desse jogo será eleito o
melhor goleiro do estadual com alguma facilidade.
● Verde da Esperança
- Parabéns aos meninos do Flu!
Fluminense campeão mundial sub-18! Tem que aturar!
- Ninguém se machucou nesse jogo
contra o Caracas. Aleluia.
- Que defesa foi aquela na puxeta
do atacante do Caracas, hein? Cavalieri é o cara.
- Frederico fez três gols nos três
últimos jogos. Tá bom pra você?
- Gostei da atuação do Bruno
contra o Caracas no primeiro tempo. Concorrência faz bem!
● Branco da Paz
- Casa cheia dia 20. Sem mais.
- Para os críticos de nossa vitória
magra na estréia, vejam como Boca Juniors e Vélez estrearam...
- Muito bom saber que estamos
priorizando a Libertadores. Nada mais justo.
- Parabéns aos tricolores de
Roraima que foram prestigiar o Flu na Venezuela!
● Grená do Vigor
- Monzón já! Avenida Carlinhos
nunca mais!
- Edinho, meu filho... você não
pode ser o Gérson (Canhotinha de Ouro) nos passes de trivela e ser o Ygor nas
antecipações... se decide meu filho.
- Wellington Nem e Marcos Jr.
nada renderam. Abel leu mal pacas o jogo. Esse campo nunca os favoreceria. Eu
entraria com o Michael no lugar do Nem no segundo tempo.
- Anderson e Leandro Euzébio
batendo cabeça no segundo tempo... volta, Gum!
- Abel, gostei da ousadia de pôr
o time ofensivo, mas leva o máximo de apoiadores pro banco da próxima vez, tá bem?
Aprenda que o Sóbis NÃO É apoiador!
Vamos em busca da América! Acredita, Fluzão!
Sobre o autor: Aloisio Soares Senra é professor de
Inglês do Município do Rio de Janeiro desde 2011, e torcedor do Fluminense
desde sempre. Casado, é carioca da gema, escritor, jogador de RPG, entre outras
atividades intelectuais.
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