Tricolores de sangue grená, não é necessário repetir tudo o
que já foi lido exaustivamente por todos vocês sobre o jogo da última
quarta-feira contra o Grêmio, no Engenhão. Tampouco engrossarei o coro da
mídia, que afirma que o Grêmio “humilhou o Fluminense no Engenhão”, pois isso é
uma inverdade sem tamanho. Também não me juntarei aos corneteiros que ficam só
de butuca, esperando por uma derrota, para exaltar o quanto todo mundo do
elenco é ruim. Não, só vou analisar friamente. Há noventa jogos – repito,
noventa jogos – o Fluminense não perdia por três gols de diferença. Então, se
um time passa noventa jogos com o mesmo elenco praticamente sem perder por três
gols de diferença, o que aconteceu foi, simplesmente, um mau dia. Lembremos de
um mau dia pior do preferido da mídia. Quem aí lembra da sova que o esgoto da
beira da Lagoa levou do poderoso Atlético Goianiense no Engenhão? Isso não faz
muito tempo não, foi em 2011. Pois é. Nosso mau dia é perder do Grêmio por três
gols de diferença, num jogo ainda da fase de grupos da Libertadores, e
permanecer empatados em pontos com todos os times do grupo. Que desastre!
Sejamos realistas e coerentes. Já sabíamos que seria páreo
duro enfrentar o Grêmio no Rio, e era por isso que eu torcia pela LDU na
pré-Libertadores. Sabemos a tradição que o time gaúcho tem, a tarimba de muitos
dos jogadores de seu elenco e da qualidade de seu treinador, e sabíamos que não
eram “três pontos garantidos” para nós aqui no Rio. Assim como, não se enganem,
não acredito que eles considerem que somos “três pontos garantidos” para eles,
lá no Sul. Vento que venta cá, venta lá. A realidade, a verdadeira realidade, é
que o Grêmio não fez uma grande partida. A sorte simplesmente estava ao lado do
time gaúcho. Atacamos, fizemos o que de nós se esperava – não vou pôr aqui o
mérito da escalação nem das substituições, porque ninguém, ninguém mesmo, jogou
nada – mas não acertamos o gol. Wellington Nem não foi o Messi de Xerém, Fred
não foi o maior artilheiro do Brasil e Cavallieri não foi o melhor goleiro do
Brasil. Erramos mais passes que o time do Íbis em dia de treino, e não faríamos
gol em uma jogada comum nem se o jogo durasse até o momento em que escrevo esta
coluna. Contudo...
Há de se ressaltar – e se tomar alguma providência – em relação
à arbitragem de Paulo César de Oliveira, árbitro que SEMPRE garfa o Fluminense.
Senão, vejamos: pênalti sobre o Wellington Nem ignorado quando o jogo estava
zero a zero. Se sai gol, acredito que o jogo poderia ter sido diferente. No gol
do Grêmio, a jogada não poderia ter continuado. O próprio instrutor de
arbitragem da CBF, Manoel Serapião, falou sobre o caso (embora os torcedores do
Grêmio refutem, afirmando que foi pênalti, no que discordo):
Mão de Barcos foi irregular
Mão de Barcos foi irregular
Além disso, todo mundo viu que na jogada do segundo gol do Grêmio havia impedimento claro de André Santos. Logo, dois gols irregulares a favor do time gaúcho e um pênalti ignorado para o Tricolor. Num bom dia, esse jogo seria facilmente 1 a 1. Mas não era um bom dia.
Gostaria também de esclarecer aos torcedores gremistas que
isso não se trata de “choro” pela arbitragem ruim. Ainda que todos estes erros
tenham acontecido, o Grêmio nada teve a ver com isso, foi superior e mereceu,
sim, vencer, MAS NÃO POR TRÊS GOLS DE DIFERENÇA. O placar foi mentiroso, e a
mídia nos massacrou nos últimos dias, tentando nos desestabilizar. Parabéns ao
Grêmio, que se recuperou da derrota em casa na estréia, mas nada está definido.
Ainda tem muita água pra rolar. São doze pontos em disputa, e tudo pode
acontecer. Ainda acredito no título, e todos os tricolores deveriam acreditar. Um
dia desses, em que TODOS apresentem sub-rendimento, não voltará a acontecer tão
cedo. Acredito que, dos 12 pontos em disputa, o Flu tenha plenas condições de
ganhar 10, o que garantirá a classificação. Vamos, Fluzão!
E sobre o Carioca-que-não-acaba, a boa – mas sofrida –
vitória sobre o Volta Redonda por 3 a 1 com os reservas foi motivo, pasmem,
para os corneteiros encherem a paciência, com um “mimimi” monstruoso sobre como
tomamos sufoco pro Volta Redonda. Amigos, fizemos três gols com o time reserva
sobre o time que endureceu até o fim do jogo pra escalação titular do time mais
enganador do Brasil, e só perdeu num gol cagado de um certo caneludo. Samucréu
marcou dois e Marcos Jr., o último, em bela jogada. Às vezes acho que o Samuel
é mal aproveitado em algumas partidas. Foi só o Deco acertar o pé para que ele
deslanchasse a fazer gols. Para mais um jogo-treino, em que surpreendentemente
jogamos até bem (embora não tenhamos defendido tão bem assim no segundo tempo,
visto um certo sufoco causado pela má forma física e falta de ritmo de jogo de
alguns jogadores), está de excelente tamanho. Domingo tem o último jogo-treino,
em que, não tenho dúvidas, vamos ganhar ou empatar, mesmo com reservas. Após a
derrota na Libertadores, o foco tem que ser o Huachipato. Comparar a
importância de um jogo da fase de grupos da principal competição continental e
sonho de consumo do clube e da torcida com uma semifinal de turno de um
campeonato estadual é até covardia. Coloca os juniores pra jogar essas finais
que, tenho certeza, eles levam o caneco.
● Verde da Esperança
- Acabou sendo boa a vitória do
Caracas sobre o Huachipato. Quanta zebra...
- A cena do Rafael Sóbis encostado
na placa de publicidade me comoveu, cara... esse estava realmente sentido pelo
resultado. Quero-o sempre no grupo.
- Há um aspecto positivo nessa
derrota: pararão de nos rotular como favoritos. Sempre que acham que já estamos
fora (Jorge Nunes feelings), damos a volta por cima e nos superamos.
- Fredão, não desanima, cara. Foi
só um jogo em que nada deu certo. No próximo, mais gols te esperam.
- É hora de o Abel dar chances
reais ao Monzón, ao Wellington Silva e colocar o Marcos Jr. mais vezes nos
jogos.
● Branco da Paz
- Corneteiros, fiquem em casa.
Guerreiros, lotem contra o Huachipato e contra o Caracas. Eu estarei lá.
Diretoria, reduza o preço dos ingressos pela metade, já!
- Não caiam na onda da mídia de que
“caímos pra último no grupo”. Está todo mundo com três pontos. Saldo só será
importante se não ganharmos os jogos “obrigatórios”.
- Aos malucos que dizem, disseram
ou acham que a torcida não apóia, cantamos como loucos após tomarmos um gol,
mas não há como manter o ânimo com percentual de passes errados acima dos 50%.
- Minhas sinceras condolências à
família do menino boliviano que faleceu no jogo entre San Jose (BOL) e
Corinthians. Que os culpados sejam devidamente punidos e providências sejam
tomadas para que isso nunca mais se repita.
● Grená do Vigor
- Fiquei sabendo que alguns
torcedores do Flu gritaram, sim, “Olé” junto com a torcida do Grêmio. Eu estava
no jogo e não ouvi, mas teve gente nas redes sociais confirmando. Que esses
torcedores jamais voltem ao estádio pra torcer pro Flu. Fiquem no sofá e gritem
“Olé” com os vizinhos que torcem pros rivais.
- Cavallieri esteve em noite de
Berna braço-de-jacaré
- Wellington Nem esteve em noite
de Lenny cisca-cisca
- Fred esteve em noite de Tuta
- Abel esteve em noite de Abel.
Que cagadas deixar o Deco no banco após aquela exibição contra o Volta Redonda,
“poupar” o Gum e liberar nosso melhor volante pra “resolver o casamento”, tudo
isso num jogo dessa importância na Libertadores. Vacilo feio.
Vamos em busca da América! Acredita, Fluzão!
Sobre o autor: Aloisio Soares Senra é professor de
Inglês do Município do Rio de Janeiro desde 2011, e torcedor do Fluminense
desde sempre. Casado, é carioca da gema, escritor, jogador de RPG, entre outras
atividades intelectuais.
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